sexta-feira, 21 de agosto de 2009

IPARDES DIZ QUE A CRISE NÃO CHEGOU À MAIORIA DOS MUNICÍPIOS PARANAENSES


Análise feita pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e divulgada na quinta-feira, 20 de agosto, mostra que - de setembro de 2008, início da crise financeira mundial, a junho deste ano - 242 municípios dos 399 do Paraná obtiveram saldos positivos ou permaneceram estáveis na geração de empregos.


Os demais 157 municípios tiveram saldo negativo. Os impactos, tanto negativos quanto positivos, foram mais intensos nos municípios menores. Os dados foram extraídos da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

No período analisado, o Paraná teve saldo de empregos. Aproximadamente 80% do saldo positivo foi gerado em 43 municípios, com destaque para Curitiba (5.087), Maringá (2.952), Araucária (2.255), Londrina (2.192), Rondon (1.783), Cascavel (1.449), Campo Mourão (1.225), Foz do Iguaçu (919) e Pato Branco (838). Em sua grande maioria eram municípios de maior porte.

Mais de um terço dos municípios (157) do Estado obtiveram saldo negativo, totalizando -21.295 postos de trabalho. Destes, cerca de 80% concentraram-se em 34 municípios, em sua maioria diferentes daqueles que inicialmente foram mais afetados pela crise, destacando-se Telêmaco Borba (-1.535), Toledo (-1.410), Ibaiti (-1.157), São José dos Pinhais (-988) e Pinhais (-888).

O município que mais sentiu os efeitos negativos da crise sobre o mercado de trabalho foi Curiúva. O saldo negativo atingiu 27% do total de empregos formais do município, principalmente em atividades de apoio à produção florestal e ao desdobramento de madeira.

Também chamou atenção a repercussão negativa da crise nos mercados de trabalho dos municípios de Reserva, Cidade Gaúcha, Sengés, Ibaiti, Lupionópolis, Mato Rico, Ivaté, Flórida, Nova América da Colina, Ventania, Santa Mariana, Bituruna, São José da Boa Vista e Telêmaco Borba. São municípios que dependem, em grande medida, do comportamento de poucas unidades fabris ou atividades econômicas.

Na ponta oposta, o município de Rondon destacou-se em relação ao crescimento do mercado de trabalho. O saldo de postos de trabalho observado no período, especialmente à produção de álcool, representava aproximadamente 41,4% do seu mercado de trabalho em junho de 2009.

O estudo destaca ainda o bom desempenho dos municípios de Porecatu, Amaporã, Bom Sucesso do Sul, Tijucas do Sul, Campo Magro, Diamante do Sul, Campo do Tenente, Centena´rio do Sul, Nova Aliança do Ivaí, Serranópolis do Iguaçu, Três Barras do Paraná e São João.

INÍCIO DA CRISE - De setembro a novembro de 2008, o Paraná apresentou saldo positivo na geração de empregos. O único mês de saldo negativo ocorreu em dezembro. Para o analista de conjuntura do Ipardes, Eron Maranho, este resultado já era esperado independentemente da crise econômica. “Podemos atribuir estes números ao comportamento sazonal do mercado de trabalho paranaense e às adversidades climáticas que afetaram negativamente as atividades agrícolas do Estado”, afirmou.

Cerca de 42 municípios foram responsáveis por aproximadamente 80% da redução dos postos de trabalho, destacando-se os municípios de Paraíso do Norte (-2.976), Colorado (-2.397), Astorga (-1.269), Tapejara (-1.117) e Cambará (-1.018) onde estão instaladas destilarias e usinas de álcool que normalmente reduzem o número de trabalhadores contratados neste período, além de Curitiba (-1.298), Paranaguá (-957) e Paranavaí (-932).

O desempenho positivo de 168 municípios (42,1%) resultou em aumento de 7.907 postos de trabalho, insuficiente para contrapor os saldos negativos dos demais municípios. Aproximadamente 80% deste crescimento foi gerado em cerca de 40 municípios, podendo-se ressaltar Colombo (+878), Ponta Grossa (+680), Campo Mourão (+635), Guaratuba (+559) e Campo Magro (+430).

OBSERVATÓRIO - Este é o primeiro estudo desenvolvido para o Observatório do Mercado do Trabalho e Desenvolvimento Social do Paraná. Trata-se de um acordo de cooperação técnica celebrado entre Ipardes, Secretaria do Emprego, Trabalho e Promoção Social e a Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral.

O Observatório visa prestar à sociedade soluções de forma ainda mais efetiva, sob um olhar coletivo que envolva divulgação periódica sobre a situação do mercado de trabalho e sobre políticas de enfrentamento.

POLÍTICAS PÚBLICAS - Na avaliação do secretário do Planejamento e Coordenação Geral, Enio Verri, o resultado da pesquisa do Ipardes é fruto da política de descentralização dos investimentos do Governo Estadual.

“No passado, os empregos eram gerados principalmente na Capital e Região Metropolitana de Curitiba, com o interior quase esquecido. Mas, nestes últimos sete anos, o governo Requião conseguiu dar um salto de qualidade neste aspecto, através de políticas específicas de financiamentos e vantagens para a implantação de empresas no interior do Estado, em especial nas regiões mais pobres”, afirma.

Verri lembrou que o Paraná é hoje o segundo Estado que mais gera empregos no país, mesmo com a situação de crise, sendo modelo . “Nós somos modelo também na distribuição dos empregos gerados, com um interior mais competitivo. Curitiba tem um papel importante porque gerou um número de empregos grande neste primeiro semestre, assim como Maringá, Londrina e Cascavel. Mas temos que destacar o desempenho de municípios como Rondon com quase 2 mil empregos gerados”.

Segundo Verri, dois setores contribuíram para a grande geração de empregos no interior: o setor sucroalcooleiro, que voltou a se desenvolver aumentando as exportações, e a própria dinâmica industrial do Estado. “Hoje o Paraná não é apenas dividido em duas partes, como era no passado, com uma região metropolitana dinâmica e o interior conservador”, diz o secretário.

“Temos em todo o Paraná um número grande de empresas com alto valor agregado, com tecnologia adicionada à sua produção, o que faz com que o Estado possa se desenvolver de maneira menos desigual, com a geração de empregos de maneira mais justa. A população das cidades não precisa mais deixar o município em busca de emprego. Hoje as famílias do interior têm uma perspectiva de futuro”, concluiu o secretário do Planejamento.

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